quinta-feira, 5 de julho de 2012

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Pior do que a voz que cala, é um silêncio que fala. Simples, rápido! 
E quanta força! Imediatamente me veio à cabeça situações em que o silêncio 
me disse verdades terríveis, pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades. 
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega. Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca. 
Silêncios que falam sobre desinteresse, esquecimento, recusas. Quantas coisas são ditas na quietude,
 depois de uma discussão. O perdão não vem, nem um beijo, nem uma gargalhada para acabar com o clima de tensão. 
Só ele permanece imutável, o silêncio, a ante-sala do fim. É mil vezes preferível uma voz que diga coisas que a
 gente não quer ouvir, pois ao menos as palavras que são ditas indicam uma tentativa de entendimento.
 Cordas vocais em funcionamento articulam argumentos, expõem suas queixas, jogam limpo. 
Já o silêncio arquiteta planos que não são compartilhados. Quando nada é dito, nada fica combinado.
 Quantas vezes, numa discussão histérica, ouvimos um dos dois gritar: “Diz alguma coisa, 
mas não ficaaí parado me olhando!” É o silêncio de um, mandando más notícias para o desespero do outro.
 É claro que há muitas situações em que o silêncio é bem-vindo. Para um cara que trabalha com uma britadeira na rua,
 o silêncio é um bálsamo. Para a professora de uma creche, o silêncio é um presente. Para os seguranças de um show de rock,
 o silêncio é um sonho. Mesmo no amor, quando a relação é sólida e madura, o silêncio a dois não incomoda, 
pois é o silêncio da paz. O único silêncio que perturba, é aquele que fala. E fala alto. É quando ninguém bate 
à nossa porta, não há emails na caixa de entrada, não há recados na secretária eletrônica e mesmo assim,
 você entende a mensagem…
— Martha Medeiros.

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