segunda-feira, 10 de outubro de 2011

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É quando os olhos já estão completamente marejados. Quando as lágrimas salgadas deslizam ao encontro do chão. Quando os músculos são como madeiras velhas, frágeis e sem força. E cada passo a frente tem o peso de uma tonelada jogada por cima das costas. Cadê razão, cadê sentido, cadê propósito. O tempo apaga as fotos que a mente restaurou. O vento carrega o perfume que o corpo guardou. E o chão abre os braços pra receber as lágrimas escorridas. A vida é urgente, é agora, é exigente. Não espera a recomposição. Mal termina de beber a amargura do inesperado e já vem lhe trazendo mais uma dose. E vem depressa, correndo, voraz. Mesmo quando se tem vontade de parar. Mesmo quando não tem mais estímulos pra continuar. Lá vem ela com um punhado de surpresas. E eu me levanto, tremendo da cabeça aos pés, com cada centímetro do corpo arrepiado, sentindo ânsia e desânimo. Levanto-me porque ficar aqui parada não me agrada. Por mais que levantar não seja a melhor ideia. Levanto-me porque já sentei demais. E a vida não sentou comigo, não aceitou meu chá, não quis descansar. Enquanto eu estava aqui empacada, ela continuava, sem me esperar. Então me levanto. Porque já não me agrada sentir os olhos rasos a todo momento. Preciso reagir. Se é que já agi alguma vez. Preciso agir.

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